Tuesday, November 29, 2005

Thursday, November 24, 2005

THE LUCKY GLÜCK PASSION


The first streaks of dawn altering the night sky
Yet the same glorious sensation
Beneath the weight of his body
I found I could not move
And with one urgent thrust he entered me
Then it was over.
I closed my eyes and thought with a smile that rape had occurred, not lovemaking.
Release my arms, please. There’s no need.
Am I cold?
A foolish question.
My life is cold.
For me, it’s always like that:
The slow unclasping of a fist,
you displayed a convincing ignorance
to my satiated eyes.
Would there never be an end to it,
to the almost penal servitude which his memory
demands of me?
My all patterned in damask and floral design inside
doesn’t feel able to find relief
I ease down into the elegant brass hipbath
Weary at dusk
No answer, I reach for the sponge
Relaxing in the tub
This life suits me very well
Allows me to fight off the loneliness
On thinking of the past
My heart seems to sit like a stone in my breast.

Friday, October 14, 2005

Admirando Tua Lava


Os anjos não vêm agora
Agora não
Eu espero
Eles não vêm
Eles não virão
Esqueça.

Wednesday, October 05, 2005

IDIOSYNCRASIE ÉROTIQUE






Experiência lúgubre, Aníbal, meu encanador, veio consertar meu encanamento. Clichê ou não, Aníbal era de um porte físico magnânimo. Tatuagem grande e colorida em um dos braços, não lembro qual. Acanhado e inibido, marinheiro e trovador, foi ele quem me agarrou, quase travando comigo uma luta corporal, mordiscou todo o meu corpo e lábios e mamilos com uma fúria tal que tive de ceder aos seus (seus?) impulsos. Meu gato (o felino Overdose) preso na cozinha, ouvindo tudo e me odiando por isso. Ele me chamou de beijoqueira no dia 21 de julho, enquanto se vestia e eu me arrastava pedindo mais. Eu havia entrado irrevogavelmente para a vida cristã (safismo em Lesbos, me ocorre agora). Eu estava somente de calcinha, preta, sem rendas, sem brilhos, sem o supérfluo. Uma camisa justa com as costas desnudas. Ele era forte como um cavalo e eu pensei em como a Marieta Severo estava maravilhosa em Laços de Família, título esse, aliás, que eu pensava ter sido furtado a um livro da Clarice Lispector. Será que eu tinha razão? Será que eu sou frígida? Show me your palms.
Aníbal perdeu as estribeiras e me possuiu de maneira violenta. Havia uma patente desproporção entre nós (acidente natural, diria a literatura técnica); nós ouvíamos ‘A Cena do Balé’ do Lago dos Cisnes e eu delirava sobre o Karajan regendo a Filarmônica de Viena: Tchaikovsky por um fio. Talvez encobrisse a minha gritaria, talvez pudesse ser Cocoon, da Björk, mais calma, mais melódica e, no entanto, mais ácida. Who would have known?
Toda concussão, a língua ferida, o sexo cheio de hematomas e esperma (ele não quis esporrar na minha cara dessa vez; na próxima, eu beberei, porra, alma e tudo), as pernas e o rosto luxados, escoriações generalizadas, quatro costelas quebradas, dois dentes a menos, dilaceração do ânus — o médico sorria.
Ele me xingava de puta (ou foi de vaca velha e eu me iludi?) e eu começava a chupar o seu cacete, ele vinha por baixo de mim e eu sentia sua língua, atlética e anti-sedentarismo, sorver toda a seiva que eu ia derramando. Ele me chupava como profissional, eu queria aquilo, eu não resistia, me sentia uma cigana no meio do feno, a boca cheia de palha eventual, Gipsy Kings e todo o resto.
Rasgue a minha roupa, rasgue a minha boca, Aníbal socou seu potente mastro dentro da minha chavasca e eu queria dar o cu. Adoro dar o cu de graça (caio no ópio por força. Lá querer que eu leve a limpo uma vida destas não se pode exigir).
“Me arregaça, fode forte!”, dizia eu. Já havia gozado diversas vezes mas não era hora de parar, ele estava escandalizado e não cessava sua pregação enquanto me fodia. Me criticava veementemente pela vida irregular que eu levava. Eu tinha a classe das vedetes do striptease e queria mais. E mais. E jogava-lhe no rosto minhas peças de indumentária. “Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí...”, era o que murmurava José Régio, sempre moderno, no meu ouvido lambido. Who is it? Andei continentes e ilhas oceânicas e sem paz, tu, e somente tu, palavra única e dileta, deverás saber: obra do vento e nada mais.
Ele deu uma dentada forte nas macias carnes de meu púbis animado e sem pentelhos e eu berrei. Ah, as nossas travessuras sexuais. O dócil mancebão não se compadecia de mim. Aníbal urrava como um bicho: todos os pecados e orquestras do mundo estavam presentes. Conosco e em nós. Pluto total. Os vizinhos, que já começavam a reparar na sordidez do escândalo, batiam na porta perguntando o que acontecia. Sem resposta e ouvindo os gemidos lancinantes de dor que eu expelia involuntariamente, batiam fortemente e exigiam que a porta fosse aberta. Nossos impulsos afrodisíacos eram, contudo, mais fortes.
Queria que eu mijasse na sua cara, que cagasse no seu pau e na sua barriga bem talhada, e eu pensava na família pobre, no berço roto, no desgosto. Deveria ter nascido na Sibéria, que, ao menor descuido, me congelaria a mão exposta e me prostraria ao pé do fogo, ouvindo uivarem os cães brancos e bondosos, a guarnição única. A Vodka descendo vertiginosamente pela garganta como o infame colostro materno, me vacinando contra todas as doenças póstumas. Talvez eu devesse ser o Bob Burnquist, rodopiando na pista caseira e chutando o skate: aquilo que eles, tentando enfeitar, chamam de flip. Ou, ainda, a Gloria Estefan cantando Reach nas Olimpíadas. Como eu adorava aquela música! Acordava com ela e dormia com ela, me imaginava uma daquelas musculosas e admiráveis irmãs Williams. If I could reach higher.
Aníbal enfiava sua rola dentro de mim, penetrava fuçava remexia bolia babava tirava e botava com bola com tudo, eu desacordada. Sonhava com uma cascata de porra para me lambuzar no ano novo, com o Louis Armstrong vindo me buscar de barca no meio da leptospirose, enquanto cantava What A Wonderful World! e eu carregava comigo um exemplar de 1957 de Os Miseráveis, do Victor Hugo, eu estava no Livro Quinto da Parte Primeira (Fantine), na minha gruta de anacoreta, minha mobília de ampulhetas aladas. Eu, a Leo de La Flor De Mi Secreto, branca como a neve (metáfora gasta mas ainda sugestiva), desmaiada, sangrando pelas minhas partes mais delicadas, Aníbal inocente. Yo, Amanda Gris, grávida de todos los niños del mundo, como la mais burra de las arañas tropicales, dançando pela vida sem música, chacoalhando a cabeça sem Prozac. “Meu dia chegará”, pensava comigo mesma, os dentes soltos no mundo, a barriga doada y as dívidas sem perdão.
No começo a gente rebola um pouco e depois perde a paciência. Eu gosto de pau grande, cabeçudo. Gosto de homem loiro, o pau rosa, a boca rosa, a vida rosa. Quero perpetuar a espécie, quero a descendência caucasiana, chega de sofrimento. Chego a admitir transar com um judeu e gozar em sua boca. As crianças von Trapp, infernais, em redor, e eu subindo em árvores (one of my favourite things). Cansei de ser sexy, as meninas têm razão. A Madonna caiu do cavalo, o que mais nos aguarda?
“My heart was so broken. It was in pieces...” e ainda está. O fígado, dizia Galeno, era o centro do sistema sangüíneo, onde o alimento era misteriosamente transformado em “espíritos naturais”. O coração era uma desnatadeira e uma fornalha.
— Preciso que me salvem.
Dois na bosta, Aníbal e eu. Aníbal é casado. Cansado da esposa (lar, doce lar: o cheiro de fritura sempre vence). Só posso estar com Aníbal até as seis da tarde ou. Cortem-lhe a cabeça! Oh, pobre pequeno Lewis a bolinar criancinhas. Como Michael Jackson. Realmente Thriller. Eu brigava com uma ex-amiga e tentava demovê-la de gostar do Michael Jackson, ela era negra. Jamais conseguiria. Iguais se atraem. Deus foi feito à minha imagem e semelhança: nós dois temos um Papa nazista. Onde estará o Führer? Where’d be the Boss?
Não tenho nenhum valor literário mas minhas palavras são boas para quem quer tocar uma punhetinha ligeira e descompromissada. O donzelo Felisbelo da Silva que o diga, com todas as suas Liberdades Sexuais! Bom mesmo é gozar na cara do chefe, três, quatro, cinco vezes. Levar uns tapas no rabo, dedada no cu, pintada na cara. Adoro aquela dorzinha de tanto fazer amor (fazer amor??? Pelo amor de Deus...) Quando você tenta fechar o músculo mas já não consegue, o pau continua entrando, à sua revelia. Enlouqueço. Assumo minha ninfomania sagrada, dou para qualquer um, religioso ou não. Na rua, na chuva, na fazenda. Ainda não tentei nenhuma casinha de sapê, é preciso que se diga. Big deal.
Horas depois, Aníbal foi preso e processado; mas a Justiça o absolveu, levando em consideração a sua não culpabilidade, pois que tudo ocorrera — não coerente com violência física ou grave ameaça — , mas em virtude da desproporção (eu amo as desproporções e os despropósitos) entre nossas constituições, compleições, idiossincrasias físicas. Não houve sadismo nem nada disso. Eu era frágil demais para ele, tão másculo e tantas proporções anormais.
Fiquei caída no chão, ensangüentada, meretriz de um homem só. Precisaram me levar para o hospital. Passei a amar Aníbal. Meu nome é Amor, sou feliz sem dinheiro.

Mas com que!

"as pigs do"
Léo Glück



mas com que estranha e morna frieza vi meus dias se indo
como loucos dançarinos em portas de bodegas bebendo e caindo
eram tão bons e malucos que jamais pensei tê-los fugindo
enfim, eu não tinha vivido. Tudo se protegeu demais de mim
depois ainda teria de lutar pela lembrança de alguns
teria de experimentar sal nas feridas
grunhiria sem dor das mais fundas imagens gravadas
e pecaria tentando repetir o que não quis dizer nada
sem sair à regra, perdi nesses ossos a velha recordação
mesmo que a sinta mover-se nos meus planos, contando meus anos
anos de pluma, mais pesados que chumbo, caídos na injúria do mundo
foi nos doces reversos da vida que acordei do meu sonho
meti-me em trajes maiores, ocultei-me no sono
e com que insana e cruel alegria chorei do meu tempo
tão pequeno, amargo, sem fim e sem meio
desovei meus pudores nas águas do banho
minha era de antanho
tantas luzes que vi acenderem e que pensei ser o fim
os degraus da inércia dos bens que ganhei
parei de conhecer as análises que de outrora juntei
mas sei que com menos tempo mais faço juz ao que sei
fiz juras falsas de amor que depois me cobrei
e me cobro até hoje, devo, não nego, quando puder eu não sei

Balanço Louco

Queimando como uma labareda doida
Inflama mais, e mais, e se apaga.

Depois pousa, perde o brilho
E volta o vigor.

Escura como um bom e longo dia
Acesa como uma bela e tosca noite.

Chovida, secada às pressas
Passada a passos largos em pés de pedra.

Quando tudo é tão sofrido, é tão bonito
E a vida bate, e vem, e volta, e ri no seu balanço louco.

O Pecúlio De Lúcifer

Enquanto existir, por efeito das leis e dos costumes, uma condenação social, que produza infernos artificiais no seio da civilização, e desvirtue com uma fatalidade humana o destino, que é inteiramente divinal; enquanto os três problemas do século - a degradação do homem pelo proletariado - a perdição da mulher pela fome - a atrofia da criança pelas trevas - não forem resolvidos; enquanto em certas regiões for coisa possível a asfixia social; ou, noutros termos, e sob aspecto mais amplo - enquanto houver na terra ignorância e miséria, não serão os livros como este, de certo, inúteis.
Hauteville House, 1 de janeiro de 1862.

VICTOR HUGO - Os Miseráveis



Sobre mim, neste instante, desce um tal orgulho de não pertencer à classe dos indignos de coração. À classe dos que fazem de tudo por dinheiro, dos que se arrastam na miséria em busca do tesouro, dos que inopinadamente galgam alguns degraus na porca e hedionda hierarquia da pecúnia e acham normal mostrar a todos os outros que os cremes nos quais se besuntam custam mais caro que todo o lar que a massa ignara demorou uma vida para pôr de pé. Quando eu penso que não sobra dessas pessoas um único fio de cabelo sem lama grossa que indique um fim de vida mediano ou talvez uma opaca luz no fim do túnel, me ponho a classificar a raça humana como um dos grandes erros da História Clássica. Ninguém me faz pensar que os dinossauros arrastariam as carcaças enormes e de aura límpida atrás de miseráveis contas públicas ou que as teriam treinado para suportar a necessidade de ir tão baixo em sua existência.
Nós somos um erro. De cálculo, de tempo e de espaço. Nós viemos para esse mundo para brigar por coisa pouca, por mesquinharia, por pequena estupidez. Não fazemos o mínimo uso do que temos de maior, mas, por nossa vez, fazemos total uso do que temos de menor. E, o que agrava tudo, o fazemos para “obter” o que há de menor. Talvez eu idealize a coisa toda romanticamente, mas fato é que não passa um dia sem que o ‘vil metal’ não nos assole a todos com os mínimos problemas que somente ele cria e que nós jamais resolveremos. Tempos faustianos imemoriais, quando já a alma é facilmente negociável e o corpo é facilmente removível; podemos dispor de tudo! Não sobra nada, tudo foi transacionado. O que significará empunhar, altivamente, a autêntica bandeira de quem disse todas as letras de vocabulário próprio e não vendeu, trocou, escambou, permutou, pernoitou (as prostitutas, essas sim são gente digna, cuja ofensa - se a há - tem somente o corpo como destino), escudou ou esfalfou nenhuma? Temo a resposta. Tenho asco, engulhos e vontade de vomitar nauseabundamente quando penso que foi para isso que viemos.
Não, douto leitor, não foi para amar e ser amado que você veio. Eu sinto muito. Foi para pedir emprestado tudo o que você não consegue roubar. Foi para roubar tudo o que você não consegue legítima e nobremente possuir. Foi para não possuir o que você não consegue enxergar. Foi para não enxergar o que você não consegue imaginar. Foi para não imaginar o que você sequer considera. Foi para não considerar o que te é de pouco valor. Foi para pouco valorizar o que você empresta. Tudo se resume num papel descorado e gasto cujas letras ninguém lê, porque ler, meu caro, é o menos importante.

Friday, September 16, 2005

Hildegard

Uma senhora, trajada de safari com um pequeno colar de quatro voltas de descomunais bolas de pérola, maquiada com excesso (o que a fazia aparentar uma engramponada estátua de museu de cera), leva seu cão afghan preso a uma coleira de quase cinco metros. De tempos em tempos, o cão a enlaça: o que a desequilibra; de vezes em vezes, outros transeuntes têm problemas com as pernas atadas pela coleira. Todos dedicam um tempo, bondosa e impacientemente, a desemaranhar-se. A senhora sua.

Wednesday, September 14, 2005

Tungstênica




Sento agora, um pouco eu sinto.
Um pássaro me contou que as coisas do lado de lá estão mais verdes, ou, pelo menos, com mais nuances de verde.
E agora, com a minha cara já tão batida, eu brando meu osso encapado de carne a que chamam dedo em frente à cara da tropa de choque.
Terá o mal nos assolado sempre?
Ou desde sempre somos incapazes de fazer justo juízo das coisas?
Cada vez mais percebo que o que perece é a eternidade.
E a Bic continua lá, com sua incrível esfera de tungstênio.

PARALLEL VOID


"Do inferno ouço o assovio dos danados"
Léo Glück
"Junk is image"
William Burroughs
"Estendi cordas de campanário a campanário; guirlandas de janela a janela; correntes de ouro de estrela a estrela, e danço."
Arthur Rimbaud




Veterana solipsista, eu pressiono a contusão.
Eu transfiguro o caráter.
Você se disfarça, a pedrada não te acerta.
A corda está roída.
Eu vazo o sangue inóspito.
Eu respingo sordidez.
Eu engulo a neve.
Você mal vê meu tapa.
A última aponevrose apoteótica.
Você precisa se despedir das minhas trapaças.
Minha matéria é vazia.
Meu veneno é inócuo.
Eu voto nos derrotados.
Eu consumo minha bílis.
Num espasmo, eu abro secretamente a passagem escondida para teu sêmen.
Eu naufrago no ácido espúrio da paixão.
Você ri da minha hospitalidade.
Você não sofre com minhas epopéias mal contadas.
Meus heróis enxovalhados.
Eu lambo a frase proferida.
Eu descasco a ferida.
Eu perjuro.
Você me mata aos poucos com teu amor insosso.
Meu coração pede teu casto esputo.
Você insonoro em teu amor sem gosto.
Nós não te salvaremos.

Religiously Exhausted


Huffiness of the gods
Miocene ponderable
Life got started too late
Blood had already gone
Renowned as blue
Underhand heart of no one
Magistrate of hate
Indeed a lovely girl
Beautiful smile, broken heart
Gloomy look at the emunctory system
Discrepant information
I´ve been seriously slingshot
Stump orators killed
Always off my stroke
Between acts rustic sluts
Ordain moslem to mazurk
Fickleness of esperantists
Hopelessly devoted to you
Bayoneted by canasters
Clawed clear-sighted
Ready to die
My cutaneous love
Gratifies her prosecutor
By the theft
Teutonically raised
Thankful to the wounds
At your rock-bottom price
Precocious precept of oblivion.

Wednesday, August 10, 2005

< CONCRETISMO VIOLÁCEO >


Acordei, e parecia que não era esse mundo.
E se a tecnologia estivesse mentindo?
Nós bem sabemos que as conexões humanas são falhas.
Falhas como alunos faltosos.
Fala-se muito pouco sobre isso.

Friday, August 05, 2005

I love Raskolnikov.


A pobreza era evidente; a cama nem sequer tinha cortinado.
Dostoiévski - 'Prestuplenie i Nakazanie'



Meu sonhos maltrapilhos.
Vou falar das impressões que uma vida deixa.
Os sonhos, esses ficam para trás.
Com eles nada se faz.
Eles não alimentam. Eles atrapalham.
Eles devem ficar para trás, com os sonhos puídos.
Começo pelo fim.
Embora o fim não deva ser analisado.
Houve um tempo em que os fins eram respeitáveis.
Mas isso foi há muito tempo: a bandeira não estava tão rota.
O sol da tarde entra raro pelas cortinas.
Me alegra saber que há azul no céu.

Abro, as cortinas.
A mãe se foi, penso.
Tento descobrir qual o tanto que ficou.

A dor ficou, mas isso não é novidade. A dor sempre fica.
Sobrou o que levo chamando de vida escassa. Pouca.
Quase insalubre.
A Aurora, quando foi? Não consigo lembrar.

Como se me enterrassem no cimento. Meu coração ainda pulsa um pouco entre o concreto. Vivendo como bobo em meio a órgãos fundidos.
Um gato me espia.
Tenho horror a autobiografia.
As vozes com quem falo não me ouvem.
Na rua, os carros, eu pasmo, ainda passam.
A tarde me machuca.
Me machuca.
Me machuca os restos mortais.
Assim resvalo para a pieguice.
Ainda procuro do que rir.
Já não existe risada genuína. Eu já vi tudo.
O que há para ver?
Engraçadas, as vidas que se acabam antes de começar...
O que pensavam os reis do mundo?
Que o dinheiro salvaria?
Que o dinheiro guiaria nós sabíamos.
Os encontros de amor, bíblias aposentadas.
Cadafalsos inapropriados.
Se eu me repito, é porque só restou renitência.
Ainda posso rever os bons momentos.
Ainda prevejo o destino.
Ainda burlo a verdade.

Friday, July 22, 2005

If you are searching for pressure upon your heart

IT COMES FROM MY HEART AT THIS RIGHT MOMENT.
Love can be viewed in minimum things. You just have to stop whatever you are doing and wait four seconds for it to appear. It is everywhere. Your heart will start beating strongly. It is better than eating and having sex. It puts some colour on your life. But, as other things in a lifetime, it goes away too. And you will be seriously left behind. Nothing to hold. Nothing to breathe. Every single minute of the rest of your life you will remain thinking of it. It, of course, will never come back. And you will be happy forever anyway. We do not stop life.