Tuesday, May 29, 2007

A MAIS RECENTE LEITURA DRAMÁTICA DA COMPANHIA SILENCIOSA!

EL MURCIÉLAGO DESENFRENADO
estruendo de Léo Glück




A história da Inglaterra, como a de tantas outras terras, é um terreno intrincado de história e lenda. A história do mundo, como cartas sem poesia, como flores sem perfume e pensamentos sem imaginação, seria algo muito seco sem suas lendas; e muitas delas, embora descartadas cem vezes pelas provas, merecem ficar pelo que são.



Atenção: Este espetáculo é uma obra de mentalidade enferma.


Dia> 03 de junho de 2007.
Hora> 19.00.
Local> SESC Água Verde.
Endereço> Av. República Argentina, 944.
E-mail>
aguaverde@sescpr.com.br
Fone> (41) 3342-7577.
Info> (41)99959198/(41)84088805
companhiasilenciosa@hotmail.com

Friday, May 04, 2007

TRACK # 1 e/ou La donna è mobile





Acabo de almoçar.

Acabo de sentir mil pontadas em meu mecanicamente fragilizado coração.

Acabo de penetrar fatalmente no fantástico mundo da iluminação.

Acabo de arrancar as vestes e rasgá-las e pisoteá-las.

Acabo de destruir os dentes no trinco da porta da sala.

Acabo de tesourar meus cabelos e queimá-los no fogão.

Acabo de cindir meu pensamento.

Acabo de ver a hora e soltar um grunhido imundo.

Acabo de cair da cama.

Acabo de deixar a inveja me corroer por dentro.

Acabo de aprender desde muito cedo a não ter certezas.

Acabo de sempre desejar que alguém me beijasse os defeitos.

Acabo de chupar a pata traseira de meu felino, que não gostou nada.

Acabo de bater na vizinha.

Acabo de começar a masturbar-me. A babar pela boceta.

Acabo de deixar-te.

Acabo de deixar-me. Esvaziar-me. Esvair-me.

Acabo de deixá-lo pegar meu sexo entre as duas mãos.

E o jeito que ele pegou, tão decididamente, com tanta macheza, foi como um toque do homem das cavernas que existe em todos nós.

Acabo de me envolver.

Acabo de decidir ir a uma colônia de artistas.

Acabo de perder uma de minhas lentes de contato.

Acabo de comer mexericas velhas.

Acabo de querer ficar morena, uma bela morena do Sul.

Ricardo ficou em êxtase, agarrando-me como se fosse me quebrar, curvando-se sobre mim, com os joelhos no meio dos meus, o pênis ereto.

Meu casaco estava aberto, meu vestido era fininho, e a mão estava roçando agora levemente através do vestido bem na borda do sexo.

Não me afastei.

Fiz um leve movimento para alçar o sexo na direção dos dedos.

Senti uma onda de prazer.

Atirei as pernas por cima dos ombros dele, bem alto, de modo que ele pudesse mergulhar dentro de mim e assistir ao mesmo tempo.

Ele queria ver tudo. Queria ver como o pênis entrava e saía brilhando, firme e grande.

Ergui-me sobre os punhos para oferecer ainda mais meu sexo às investidas dele. A seguir ele me virou e colocou-se em cima de mim como um cachorro, metendo o pênis por trás, com as mãos em concha sobre meus seios pontudos, acariciando e metendo ao mesmo tempo.

Ele estava incansável.

Não gozava.

Então foi que ele começou a meter com violência, avançando comigo para o crescente e selvagem ápice do orgasmo, e aí eu dei um grito.

E ele gozou setenta mil litros do seu mais puro leite do amor dentro de mim.

Acabo de pensar que a mentira e a hipocrisia são as únicas moedas válidas em nossa sociedade.

Acabo de pensar na América sadia.

Acabo de pensar nos parcos instrumentos de Galileu e Copérnico.

Acabo de crer em Deus, meu último e mais trôpego suspiro.