Saturday, June 20, 2009

My Lovely Rita


Alto falante

Rodando.

Todas as Rutes introduzem agulhas de tricô em suas vaginas. Rute 1 | Minha pele é minha prisão. Eu me basto. Não preciso de nenhuma cópia de mim ou, o que é pior...


Rute 2 | Uma cópia dele.


Rute 3 | Quero extirpar de minha carne o que quer crescer. Não agüento mais... Vai mais rápido, garota, ou me escorre tudo pela calça.


Rute 4 | E devorar a minha carne e beber o meu sangue. Meu sangue como catchup, sangue espesso, vazar como um balde furado. Conduzo minha cena ao fim no coração do continente morto.


Rute 5 | O que está batendo aí? Será meu coração ou já será o outro? Ao Paraíso cinco mulheres executadas. Fêmeas. Mulheres. Bucetas. Buracos. Covas. Túmulos. Cadáveres. Falar a favor de uma geração morta... Ah, mas ah, antes dos pais morrem as filhas. Patos. Catchup. Continua chovendo. Quero estar só.


Rute 1 | Qualquer pesar em que a memória insista

Recorda a nossa angústia. É uma aflição.

E eu vivo a repetir. Longe da vista...

Longe do coração...


Rute 3 | Quando estou falando de mim mesma e quando ele está falando de mim mesmo, todos nós estamos falando de mim.


Rute 5 | Vejam: ela tirou a roupa e foi para a fama.


Rute 4 | O Reynaldo Gianecchini fez permanente. Ainda assim, a Marília Gabriela continua apaixonada por ele.


Rute 2, debochando, com raiva | Amélia!


Alto falante [Voz metálica.]


O fato ainda não acabou de acontecer e já a mão nervosa do repórter o transforma em notícia. “O marido está matando a mulher. A mulher ensangüentada grita”. A sensualidade esvoaçante em caminhos de sombra e ao dia claro de colinas e angras, no ar tropical infunde a essência de redondas volúpias repartidas. Em torno da mulher o sistema de gesto e de vozes vai-se tecendo... Não entendo nada de arte. Prometi demais? A dor de um sexo num par de olhos.

No comments: