Friday, September 23, 2011

microparte de estudo pornográfico Žižzichoen I

No primeiro instante, já de pernasabertas, mandou:

- O buraco ta aí, você faz se você quiser, a escolha é tua.

Inconformado e excitado a um só tempo, que figura autoritária de pernas abertas. Hoje em dia os parâmetros tomados são outros, é preciso que se diga. As palavras já não conseguem mais abarcar tudo o que queremos extrair delas, é um esforço penoso, mas excita, e excita muito. Eu, mais uma dessas figuras autoritárias por detrás do pano ecrã tátil, hoje abaixo dos meus dedos, sinto-me muito excitada nesse instante. E devo ainda fazer aqui um apêndice: sinto-me borbulhada de todos os desejos, o buraco ta aí, já ficando torto de tesão.

O rapaz – preciso dizer aqui que se trata de um rapaz pelo aquilo que sensorialmente o corpo diz tratar-se de um rapaz, eu sei o que é um rapaz, no sentido bíblico, a problemática do gênero fica aqui poeticamente subjacente, dada uma certa incompatibilidade de gênios entre esses estudos e o correr fácil literário – avermelhado, arfava, como uma flauta prestes a ser tocada, arfava mesmo com a idéia da possibilidade como ideal, e sim, claro, foderia a moça. Há moças que necessitam muito de ser fodidas, eu, mais uma dessas figuras fodidas por aí, que sinto-me bastante fodida muitas vezes troquei o sentir pelo ser. O transcorrer, o mundo é um atulhado de instituições mortas.

Fodida e iluminada, trânsfuga e translucidamente lúcida. Ficava lúcida após o coito anal, e depois iria limpar os assoalhos!

Tuesday, September 06, 2011

Léo Glück na Edição 4 do Jornal TransNews e na Revista Viração 76!

Mais infos sobre a Edição de número 4 do Jornal Trans News clicando aqui!


Veja a Edição de número 76 da Revista Viração clicando aqui!

Friday, August 05, 2011

El Gran Cabaret Porno vem aí!

O projeto Salsichão no Boquerão/Tainha na Prainha é o deflagramento da pesquisa artística entre a Companhia Silenciosa (Curitiba – Paraná) e o Erro Grupo (Florianópolis – Santa Catarina), um processo investigativo inédito, construído a partir de compartilhamento técnico, convivencial, conceitual e artístico entre os coletivos. Os dois eixos principais da pesquisa tem como foco a presença cênica, suas possíveis mediações e extensões e suas múltiplas relações estético-políticas com as três cidades cartografadas (Florianópolis, Curitiba e São Paulo), através do uso de diversas tecnologias, e sua justaposição poética em espaços públicos e privados dessas cidades, criando, com isso, frestas, deslocamentos e rupturas no mecanicizado fluxo da malha urbana contemporânea.




El Gran Cabaret Porno - Companhia Silenciosa;
Quando: Dia 28 de agosto de 2011 às 21 horas;
Onde: Itaú Cultural - Avenida Paulista, 149 - Paraíso [próximo à Estação Brigadeiro do Metrô] - São Paulo.

Wednesday, June 15, 2011

De uma simplicidade de polaca




Houve tempos em que algumas “portas da percepção”, por serem de difícil acesso, geravam uma tal curiosidade obstinada que, somente ao delas saírem, as pessoas começaram a vislumbrar que as coisas simples da vida estavam soçobradas em um manto de informações que não as levaria a lugar algum. Hoje temos redes, teias e canais de acesso linfáticos que nos permitem uma vida asséptica, segura — segundo a sua conexão — e à distância. Mas, e o amor? Aquele amor suado de outrora, quente, cheio de cheiros e gestos e hálitos e olhos e bocas e que só aparece em sua plenitude múltipla através do toque imediato, como se num botão de pressionar algo ele estivesse: é esse o amor que eu quero para mim. Quando o abraço apertado cede, empresta, dá o corpo a qualquer desejo, que não se pode e pelo bem da humanidade não se deve controlar ou reprimir. Há no mundo um lugar onde me sinto em casa, e não é dentro de mim mesma; meu corpo é mera terapia ocupacional. Eu sonho com o nono andar de uma manhã ensolarada, o café feito na cafeteira italiana, o sonho vem da simplicidade da alma, do afastamento da realidade comezinha, mesquinha e que paulatinamente destila capitalismo tardio em nossas conjuradas veias, tão orgânicas quanto o plástico, a seda e o movimento nervoso que se nota no pêlo do rabo dos cães. Nesse meu sonho o amor é meu, puro e insano, inexplicável como só as coisas mais lindas do mundo são. Na rua em frente estão as putas usando drogas e mostrando o saco em posições exóticas, as sirenes da polícia, ou das ambulâncias, o som dos bailes onde o amor deu vez à transação financeira terrena, quando a necessidade de sobrevivência impede a dignidade humana de fluir e se estabelecer. Tenho vontade de abraçá-las e dizer que as amo, sem mentira, sem dolo, sem manha. A tecnologia humana é de longe a engenhoca mais bonita de se ver. Quando todo o resto se foi e só permaneceu o piscar de olhos, o sorriso acanhado e atraente dos desdentados, eu sonho com as mãos mais lindas que já me tocaram nessa vida, com a voz mais doce e carinhosa que já me falou ao pé do ouvido, com os tapas mais cheios de tesão que me lavraram a carne branca. Eu sonho com o que é simples, eu sonho porque o sonho nenhum sistema de software ou hardware conseguirá jamais reproduzir, eu sonho porque amo e porque o amor não é simples, não. Não é explicável, não. Não é descartável, não. Quando aparece a gente só experimenta, e vive, e tece, e alimenta, e cresce. Eu amo o sonho que sonho e a moleza que você me dá nas pernas, eu sou pequena num mundo cheio de coisas grandes e indecifráveis, como o meu corpo, o último grito da tecnologia wireless que você tem o poder de ligar apenas com o seu sorriso fino e tímido de canto de boca.

Tuesday, January 18, 2011

Marafonaria Service Room Capítolo Um


Ela pensa em dinamite. Pensa no extremo oriente. Em dois únicos cogumelos explosivos o norte e o sul, como lhe havia dito uma vez o avô desdentado: dentes de quem picota couve. Ordena ao professor que se retire, não há ali espaço para mais nenhuma explicação. O exercício acabara, toda a filosofia aflita acabara. Sim, a cueca está arreada. Por um canto a cabeça do pau mole que escapa. Contínuo, o pau da moça é róseo e combina em gradientes de cor com todas as suas mucosas corporais. Provocam encanto, fascínio, atenção redobrada e tensão. Um tapa havia estalado ali perto, na dobra mortiça, folha dourada mortuária em encantos de Morfeu. Mas ela havia se queixado da cansativa argumentação falha e espúria, porém espirituosa, coisa de quem manda, coisa de quem obedece, classes em luta e tudo o mais, o verde oliva de uns olhinhos miúdos repuxados nos cantos pela pouca idade emocional do pai que já envereda pelo ridículo. De dentro do kocsi, um dia, ali, naquela casinha de porta e muro brancos, eu serei feliz, havia dito o professor malandro, malemolente, rebolativo e um pouco bicha demais, apesar de sexualmente fluente. A rapariga, batizada pela amiga portuguesa sem bigodes, ficou sem graça, fugiu do assunto, mordeu a isca, mentiu a fita, pediu a dica e arriscou: “um dia eu já fui, sabia? espalhafatosa como eu, sempre à beira de uma certa marafonaria avançada, quase congênita e, apesar de censurada, censurável, reprimida e adorada e confundida, fui amada, sim. Em qualquer canto aí desses dos quatro do mundo, eu fui amada.” Ele não devolveu a atenção. Pagou e já estava pensando na esposa em casa, com quem tanto brigava, nas malandrices das namoradas criminosas de seu passado ingrato. Não ouvia mais sua voz, seu corpo. Pensativo e resfolegante, divertia-se com as entrelinhas burlescas da discussão sem volta. Em algum recôndito ardido de sua memória podia ouvir-se, lenta e pausadamente: “nós somos o encontro de duas tristezas”, acendeu um cigarro e fumou, como se fumando apagasse o próprio filho que cresceria sem orgulho de um pai-mãe tão repetitivo em seu papel social.