Hoje, quando ele meteu - eu estava louca de tesão e quase implorava para ele entrar de uma vez - , não foi com força.
Foi suave, batendo levemente nas bordas, nas paredes internas úmidas e deixando a sensação gostosa de que ali era o lugar ideal dele: bem no meio dos meus sucos.
O meu centro reconhece prazer e amor, e estabelece automaticamente as distinções. Como se se tratasse mesmo de um humanóide histérico e mal programado, sempre planejando a junção idílica de ambos.
Quando eu penso na quantidade de homens para quem eu dei nessa vida, a historicidade minuciosa se faz necessária. A listagem dos dez mais já não importa; as melhores gozadas foram, em geral, involuntárias e nem um pouco premeditadas. Aconteceram assim: quando a decisão de alguém se abateu sobre o meu corpo e o revirou.
Nem sempre o amor veio junto, é claro. Nem sempre as minhas preferências vieram junto.
Amar ainda era algo que meu corpo estava para descobrir, mesmo que a quantidade de paus entrando e saindo já formasse uma boa torcida de futebol.
Com alguns eu gozei rápido, ligeiro, sufocando a necessidade de ser amada; outros me deram mais tempo para o balanço e o movimento se esvaía quando eu já não conseguia mais controlar as pernas. Alguns me chuparam e em sua língua eu despejei litros do meu prazer secreto recém descoberto, ainda que o amor que ali faltava não fosse percebido pelos olhos do companheiro complacente. Outros eu chupei como criança encontrando bala escondida, outros com desconfiança, outros, ainda, com medo puro.
Meu corpo veio para o deleite do mundo. Mas todo corpo vem para isso; todo corpo é igual, funcional, prático e sem rodeios. Os apêndices e buracos ficam sempre exatamente nos mesmos lugares em todo mundo.
O amor não.
O deleite maior da minha mente, aquele com o qual todo gozo se torna completo, eu só viria a conhecer muito tempo depois.