Eu não sei por onde vou e pretendo. Mas vou.
Eternamente insatisfeita, repetitiva, idiotizante em Curitiba.
A fama é uma estrutura particular de derretimento sensorial, pouco prática, muito erotizável.
Eu tenho um amor gordinho, quentinho, provocante, mas não sou dona dele. Um ódio instaurado pelo patriarcado e pelo capital e amo bolacha recheada de chocolate e Coca-Cola (não, não ponho a Coca-Cola no mesmo pacote do resto). Uma "família" confusa, desapegada. As mãos comidas.
Me masturbo na beirada da cama, com as pernas abertas, como cachorro que fodesse a cama. Os rapazes, os maridos bonitos das outras, os meninos, os velhos, os primos, os sobrinhos. Sinto um desejo enorme. Um tesão que não consigo controlar. Uma busca interminável pela nova atração do dia. Talvez da vida. Gosto de sentir o pau entrando em mim, enfim.
Amigos que me dizem as verdades e as mentiras que preciso ouvir. E, ah, eu me manifesto, escrevo para teatro. Teatro? Já nem sei mais o que isso seja... Pós-pós-pós-pós-pós.
Talvez algum dia eu tenha filhos. Talvez algum dia eu transmita pelo sangue ('pelo sangue?', açoita-me a biologia neurótica) o legado da indigência humana.
Bato fotos, que se divulgam sozinhas. Bato palmas, poucas mas bato.
Sei que não se trata de fazer sentido efetivo e sim buscar algum. Por isso gosto de entrar na vida das pessoas para perturbar o estabelecido. Reinventar o efetivo. Reelaborar o positivo.
O bolso está esburacado. O cabelo é loiro, mas eu não sou uma sex doll. O fetiche entra na gente como papel social. Eu apenas aproveito.
Talvez - e somente talvez - eu seja mesmo romântica.