Tuesday, April 18, 2006

Not for sale in the European Economic Area or Switzerland



meu nome próprio de batismo, uma personagem autoral que habita em mim.
Dudude Herrmann

Dança em pleno rosto
A pobre piedade confinada
Nelí Melo

Respirar tornou-se impossível
Dez os dedos em minha garganta
O oxigênio em balões estourados
E meu olho ainda brilha.

Talvez mais, talvez sujeira, talvez tardio, talvez tempo
Parceira do vazio, a estrada está cheia de flores
Talvez eu mereça
Talvez jogo de Satã.

Minha face é uma só
Minha beleza renascentista
Minha fama de rês
Homônima ferida minha.

Eu não durarei para sempre,
conheço as impossibilidades de cor,
imploro pela segunda chance,
esqueço os joelhos na pedra.

Somente o vento me respeita
A água me alimenta
O vácuo me suporta
A morte me aguarda.

Foram anos, reconheço
Foram embora para nunca voltar
Foram amigos, foram certeiros
Eu deponho minhas flechas e espero, de calcinha abaixada, brega e caída, argila na cara, cabela louca, ninfômana estóica, contando pentelhos furunculosos, não me sinto à venda, ainda

E l é t r i c a

Vem, Electra minha. Tu, que matas um. Matas dois. Matas trinta. Vens de longe para tirar a ordem. Vai, Electra sapeca. A safadinha da escuridão. Nunca mais irás parar de gritar? Tu, que nem falas português. Vai, Eléctrica quiloméctrica. Tu, que conheces tão bem o pau do pai. Vem, Eléctrica concrecta. Hoje aqui amanhã lá. Vem... vai... Eléctrica! Pelada em seu duro trabalho. Tu, que padeces de horrível vida. Vem, Palas mandou dizer o que tens de fazer. Triste porque matas, e não cessas de matar. Tu, que nunca esqueces um rosto, nunca amas uma mãe. Vem, Eléctrica zagueiro, tu, que lavas o cabelo o dia inteiro, pega a bola e marca! Vai, faz o gol do teu Natal! Vem, acesa e chamejante, tungstênica e histérica, esquizofrênica e hiperbólica Elétrica. Vem, hidrelétrica dos sonhos. Tu acendes um país. Dai-me à luz, filha eterna. Vai, Elétrica despentelhada em seus doze trabalhos. Namorada de Hércules, filha de Freud. Queres análises? Vai, fuja, fuja agora! Cadê o teu bramido de horror? Quero a tua companhia, Elétrica, vem... Conheço os teus desejos. Mas nem o detentor do cetro e do trono será capaz de preservar o teu poder, nem aquele que abandonou tua cidade entrará nela novamente, pois nenhum deles no momento em que teu pai era banido vilmente de sua terra apareceu para apoiá-lo e defendê-lo; tu, e somente tu, Elétrica, conseguiste dormir com teu pai. Acariciaste teu pai com o choque do teu amor. Com tua voltagem máxima. Com teu grelo em chamas. Tu, que estás de luto máximo. Vem, queima, brilha, incita à violência, louca Elétrica, arde, vai, derrama ódio, incendeia, destrói a fuselagem do mundo! Vai, flameja a fiação do tempo! Vem, calcina os olhos de quem te vê! Vem, Elétrica, vem! Agora vai! Mexe a cadeira!