Não obedeço mais.
Eu não sou mulher para te fazer feliz.
Eu não sou homem para te fazer feliz.
Eu não sou máquina para te fazer feliz.
Eu não fico, eu não saio daqui para te fazer feliz.
Eu acordo e o sangue já existia, o dia já ia alto, o nome, a economia internacional, a praça e os flagelados.
A alma fraca e pobre já existia, o sol, a família. O poder já existia, fundado, fundante, fundável, afundado.
Eu não sou mendiga para te fazer feliz.
Eu não sou menina para te fazer feliz.
Eu não sou mentira para te fazer feliz.
Eu não te agrido para te fazer feliz.
Eu não tenho uma mãe burra para te fazer feliz.
O meu sapato apertado, o couro engomado: eu não sou vítima para te fazer feliz. Nada em mim é para te fazer feliz.
O meu amém não é teu, é ateu, é até, é além, é por sobre o vôo inconstante dos mitos renegados, adorados e dilacerados pelo amor de um povo sórdido.
A rua não é tua, não é minha, não é de Deus, não me venha com lorotas. Eu me vesti assim hoje para viver. Somente para viver.
Eu não te roubo para te fazer feliz.
Eu não te amo para te fazer feliz.
Eu não respeito a tua opressão.
Eu não sou assim para te fazer feliz.
Eu não engulo teu sexo para te fazer feliz.
Eu não engulo a tua porra para te fazer feliz.
Eu não assino um nome civil para te fazer feliz.
Eu não me calo, eu não falo para te fazer feliz.
Eu não rio para te fazer feliz.
Eu não caso, descaso, tenho filhos, sigo rumos, persigo para te fazer feliz.
Eu não sossego o facho para te fazer feliz.
Esboço de análise semiótica de "Sem Anestesia", de Rogério Skylab
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“Ai!”, grita o sujeito, que cumpre também a função de interlocutor no
impasse entre estesia e anestesia que o texto “Sem anestesia” empreende. Um
int...
4 years ago
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