Tuesday, March 30, 2010

Overload

Para você, que não me ama, não: meu pequeno fluxo de inconsciência




Ah, essa velocidade que me mastiga as entrañas! Depois de longo período comendo na mão do destino, eu furtei os teus passos mais secretos & sigilosamente os fiz meus, com a alquimia que só a paixão furiosa pela fantástica roda do tempo nos dá. Meus clássicos eu não os queimei ainda para não esquentar o mundo. Tive respeito por me terem aquecido a alma durante muito tempo. Incluam-se aí os gélidos russos & meus brutalizados amantes irlandeses, vikings da minha carne derrotada em campo aberto. Mas quero olhar para a frente, quero o futuro, risonho & tortuoso! Quero a robótica implantada na alma, o desconhecido negro do caos & da fumaça, o amor furtivo & roubado descaradamente a outrem, a paixão meticulosa de quem cede por carência de sexo & vigor imanentes, os trejeitos inarticulados de quem não sabe o que faz com a informação, a fuselagem do mundo em decadência, a filosofia & os entorpecentes da dureza. Elétrico é o amor, que irradia tensão & voltagem em terra despreparada, tombada & protuberante, como se meu grêlo traidor tivesse crescido zilhões de vezes em poucos segundos, imitando pobremente uma estrela cadente no horizonte repetido, imantável de desejo. & eu ponho-o na tua cara tola de bicho louco cheio de tesão, & giro, & rodo, & surto, & sucumbo no gozo final, prostrada, apaixonada, pensando no filho, no marido, na louça suja, & descubro, sobrecarregada, coisa velha: um homem pode viver feliz com qualquer mulher (heterossexualidade compulsória, compulsiva, facilmente imitável & mítica, não concedendo passagem à crua realidade pós pau-xota), desde que não a ame.