[Não há tempo a se perder. Escorrego e caio de boca aqui. Aqui nesse complicado processo transexualizante e pneumônico. Fizeram um bom trabalho aqui no meu buraco. O beiço esquerdo, porém, ainda roxo. Os hematomas lancinantes e o amor na gaveta. Quando eu disse, pela primeira vez, que era você, baby, quem eu queria agora dentro de mim, houve um único silêncio penoso. Dolorida foi a distância das tuas mãos treinadas, o prato com a comida pegajosa. Quando nós temos muitos amigos, podemos disfarçar bem a insânia. Embora eu tenha vontades de te chutar a canela pela falta de preparo. Pelo molho cheio de emboscadas a que fui submetida. Portanto seja estúpido e suma. Desapareça, vanish, desocupe-se de mim! Nos teus olhos claros eu pressinto o mal da indecisão, o desejo retraído, imprensado contra o volume massivo da carne sedenta. Uma noite e tudo o que vi foi desagregação mental. A materialidade jogada no lixo. O desprezo pelas nossas vontades deve ser punido com a separação honrosa. Não sei mais o que fazer. Nada foi nem nunca está claro para mim.]
Esboço de análise semiótica de "Sem Anestesia", de Rogério Skylab
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“Ai!”, grita o sujeito, que cumpre também a função de interlocutor no
impasse entre estesia e anestesia que o texto “Sem anestesia” empreende. Um
int...
4 years ago
2 comments:
se uma literatura é feita de dor, para quê esclarecer? a vida dos teóricos literários deve ser sofrida aí. beijo.
leave her alone! now!
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