Wednesday, December 24, 2008
2009
Sunday, December 21, 2008
on zona autônoma temporária by hakim bey
A proposta de revolução compartimentada, ou, para usar palavra do autor, levante, de Hakim Bey, sugere uma não-permanência de estado que, talvez justamente por ser humana e realista demais, ainda não chega a reparar nossa infinitesimal escassez de liberdade.
Ainda assim, como prazeroso expediente emergencial para as insistentes agruras do famigerado sistema político-social mundial, qualquer zona autônoma temporária sugerida libera feixes de energia quimérica que podem propiciar mais atenção sobre aquilo que o autor classifica como o inútil martírio resultante de confrontos diretos com o Estado e suas sujeições.
A leitura de TAZ - Zona Autônoma Temporária faz-se, então, primordial para a tenção de demolição da eterna opressão e do totalitarismo instaurados na história da humanidade desde tempos imemoriais em um mundo que já não suporta mais rever seus próprios e remotos conceitos pela pura e simples pusilanimidade do licencioso capital. O conteúdo de transformação social que há em toda zona autônoma temporária é eficaz pelo tempo que dura e pelo efeito irreversível que provoca. Pode não durar para sempre tanto quanto também pode para sempre permanecer em quem a vivenciou de algum modo: é essa a idéia de reforma revolucionária intensa de Hakim Bey, autor cujo nome por si só já constitui uma TAZ (ou ZAT, em português), uma vez que não se sabe se é verdadeiro ou não, se realmente existe ou não.
Não há — ainda e infelizmente — como escapar inteiramente ao sofrimento terreno, mas há, e isso Bey com maestria nos sugere, com seu “anarquismo ontológico”, como amenizá-lo e até driblá-lo com deleite.
Friday, December 19, 2008
Foi então que vi o Pêndulo!
A esfera, móvel na extremidade de um longo fio fixado à abóbada do coro, descrevia suas amplas oscilações em isócrona majestade.
Eu sabia — mas quem quer que o tivesse advertido no encanto daquele plácido respirar — que o período era regulado pela correlação entre a raiz quadrada do comprimento do fio e a do número π, o qual, embora irracional para as mentes sublunares, relaciona, por alguma razão divina, a circunferência ao diâmetro de todos os círculos possíveis — de modo que o oscilar de uma esfera de um pólo a outro decorre de uma arcana conspiração entre a mais intemporal das medidas, a unidade do ponto de suspensão, a dualidade de uma dimensão abstrata, a natureza terciária do π, o tetrágono secreto da raiz e a perfeição do círculo.
Sabia também que na vertical do ponto de suspensão, na base, um dispositivo magnético, transmitindo sua atração a um cilindro oculto no cerne da esfera, garantia a permanência do movimento, artifício disposto para contrabalançar as resistências da matéria, mas que não se opunha às leis do Pêndulo, antes lhes permitia manifestarem-se, porque no vácuo qualquer ponto material pesado, suspenso da extremidade de um fio inextensível e sem peso, que não sofresse a resistência do ar nem o atrito com seu ponto de apoio, teria oscilado de modo regular por toda a eternidade.
Wednesday, December 17, 2008
Léo Glück no Jornal Tiragosto!
Sunday, November 30, 2008
Os meus esforços para ser mulher
Monday, November 10, 2008
A sobrecarga de informações é relativa!
Não quero robôs escravos. Se eu gostaria de viver no mundo dos botões? Seu progresso é conservador. Resolvemos agora, diante de todos, uma porção de dados sensoriais. Sua física newtoniana não é eficaz. Seu extrativismo aumentou. Seus raios luminosos cruciais. A Terra é plana. Seu relativismo não me importa. Sua decência me enoja. Eu sou cobra. Seu anarquismo é esclarecedor. Eu não aceito sua rejeição. Minha geometria é internamente coerente. Minha fé é pura. Sou moralmente imperativa! Quero que pouse - derrapante - em minha avenida central. Armazenarei tua seiva da criação em mim, como os camelos, para os vindouros tempos de guerra, mas não vou me matar no fogão. Libertem-se, soldados, saiam de seus esconderijos! Marchem! Marchem! Marchem pela fantástica cabeça eletrônica!
Tuesday, October 28, 2008
MÁQUINA DO AMOR
Thursday, October 02, 2008
'Para quem encontrou os Fitzgerald e Hemingway'
[Não há tempo a se perder. Escorrego e caio de boca aqui. Aqui nesse complicado processo transexualizante e pneumônico. Fizeram um bom trabalho aqui no meu buraco. O beiço esquerdo, porém, ainda roxo. Os hematomas lancinantes e o amor na gaveta. Quando eu disse, pela primeira vez, que era você, baby, quem eu queria agora dentro de mim, houve um único silêncio penoso. Dolorida foi a distância das tuas mãos treinadas, o prato com a comida pegajosa. Quando nós temos muitos amigos, podemos disfarçar bem a insânia. Embora eu tenha vontades de te chutar a canela pela falta de preparo. Pelo molho cheio de emboscadas a que fui submetida. Portanto seja estúpido e suma. Desapareça, vanish, desocupe-se de mim! Nos teus olhos claros eu pressinto o mal da indecisão, o desejo retraído, imprensado contra o volume massivo da carne sedenta. Uma noite e tudo o que vi foi desagregação mental. A materialidade jogada no lixo. O desprezo pelas nossas vontades deve ser punido com a separação honrosa. Não sei mais o que fazer. Nada foi nem nunca está claro para mim.]
Monday, September 29, 2008
Pela descriminalização das mulheres e pela legalização do aborto
www.frentepelodireitoaoaborto.blogspot.com
NOSSO CORPO NOS PERTENCE
Saturday, September 06, 2008
COITUS INTERRUPTUS?
Wednesday, August 20, 2008
Monday, August 04, 2008
((((((Léo Glück Live In Moscow))))))
Tuesday, July 08, 2008
GÊNERO & SEXO
Trago em mim um gênero modificado e modificante. Um sexo inerentemente mutante. Gosto de ser composta pelos olhos e insuflada pela mente. Não admito o fardo, a demente incumbência da perpetuação da espécie.
Tudo aquilo que é, ou pretende ser, perpétuo deve ser banido.
Não há no mundo espaço suficiente e humano para todos os que se deixam nascer. Não percebo nos ossos nem na carne a fecundidade com a qual supostamente deveria alimentar a insânia crescente da terra. Renego as imposições do meu próprio corpo e mostro-lhe saída alternativa, escolhida pela parte de mim que melhor soube fazer uso da sociedade delirante do capital.
Consigo ver beleza em me refazer minuciosamente a mim e ao meu contexto, modifico meus artigos, meus pronomes para dizer ao mundo que gêneros há tantos quanto há seres humanos. Consigo pensar em me desprender do padrão-base, mesmo que apenas momentaneamente, para possibilitar mais de uma visão sobre mim mesma.
Não me desfiz da masculinidade com a qual nasci. Não me desfiz de nada. Somente não desfigurei minha predominância em favor da abjeção que porventura posso provocar. Imagino que se fosse fêmea inata não teria comigo todo o meu poder de reavaliação, reestruturação, mudança, reinvenção e Revolução.
Meu sangue, mórbida impregnação da história, continua o mesmo. E da mesma cor.
Minha mente adapta-se ao novo. Meu corpo submeteu-se a voluntárias redefinições e involuntários tratamentos.
Meu sexo sempre foi o feminino, que, em alguns dos desajustados compassos da frágil biologia perdeu algumas características e ganhou outras, inefáveis e prezadas.
Não há como não se evidenciar o transtorno, que não reside unicamente na casa da identidade, mas sim no cérebro, descontente com suas terminações nervosas.
Ignara é a sociedade que prende seu membro em seu sexo, como única forma válida e respeitável de exercício do seu desenvolvimento.
Ignaro é o membro que se deixa prender entre as pernas para facilitar o encaixe, o que se deixa arrancar pela desnecessidade da adjacência, o que se deixa balançar com desenvoltura e aquele que somente inexiste.
Eu não sou apenas meu sexo. Minha sexualidade não deve constar de nenhuma biografia como fator determinante. O sexo que faço diz respeito a mim e àqueles que o experimentam.
O gênero que exerço é o humano. O desfalcadamente humano. O pobremente humano, pois que a humanidade não se cansa de perpetrar-se a si mesma entre as intempéries solícitas do destino.
Wednesday, May 14, 2008
Léo Glück na Revista Idéias 78
Wednesday, May 07, 2008
LABIA MINORA
Um corpo é apenas um corpo, afinal de contas. Resistente embora facilmente dilacerável. Foi o que imaginei, descartando qualquer possibilidade de budismo como inválida para mim. Evidenciar meus problemas de visibilidade, alteridade e identidade tornou-se, mesmo sem prévia intenção, minha desabalada busca.
Meu corpo é minha obra-prima. Nele estão grafados os parágrafos mais consistentes e densos que já pude escrever. As estrofes mais diametralmente corretas e correspondentes jorram de minhas claras carnes como leite materno rumo à primeira alimentação humana.
As extensões desse corpo, em contato com o mundo, geram em mim a necessidade veemente do contato, da razão primeva de tê-lo exposto e observado. Não se trata de uma escolha intransferível minha. Todas as minhas células imploram pelo compartilhamento sagrado da minha experiência corporal com o meio em que estou inserida.
Cada modificação, cada ausência, cada vertente desrespeitada do meu sangue precisam respirar ar puro. Precisam dos olhos do outro. Cada corte na minha carne feito, cada enxerto, bordas antigas e bordas novas, cada gordura retirada, sebo, artéria, nervo, pele, cada desejo refeito, reelaborado, reinventado, cada ficção, cada pedaço do que sou e do que junto para me formar, das perdas e dos danos, dos ganhos e das trapaças da natureza eu dou à luz para julgar.
Eu combato esse corpo que eu amo. Eu preciso dele em dissonância com todo o resto de mim. É só assim que consigo me separar dele e ser eu mesma. É somente dessa maneira que sou eu mesma, que perfaço no mundo o caminho que somente a mim me foi destinado. Eu não concordo com todas as posturas que esse corpo assume nem com todos os detalhes nele impostos. Não conheço todos os líquidos que dele vazam, não comando o delírio que o faz tremer.
Não sou responsável pelo que esse corpo provoca. Não tomo conhecimento do que me vai por dentro. Eu somente experimento.
Esse é o corpo que cultivo. Que mantenho. Que alimento e faço crescer. É o corpo que rasgo e defloro quando quero. Que satisfaço, que venero. É o corpo que tive que ocupar e o corpo pelo qual sou grata. É o corpo que me faz gozar e faz gozar ao mundo. Eu assumo esse corpo por não ter outro. Assumo porque se tivesse outro, o assumiria e o recusaria também.
Eu refaço minha natureza à minha maneira. E não era isso o que queria a natureza? Apresento ao mundo todos os meus pedaços como meus, embora sejam nossos.
Monday, April 21, 2008
Minha Amiga Rúbia
Rúbia diz:
Pare de dizer tolices.
Rúbia diz:
Como vais?
Leonarda diz:
Criatura estúpida!
Rúbia diz:
Mas o que é isso?
Leonarda diz:
Já sei quem é você...
Leonarda diz:
Está sendo rastreada.
Leonarda diz:
E eu SEI quem é você, queridinha.
Leonarda diz:
Burra, além de tudo.
Rúbia diz:
Mas então vamos lá...
Rúbia diz:
Quem sou eu?
Leonarda diz:
Uma mal amada...
Leonarda diz:
Acertei???
Leonarda diz:
Ou devo dizer "não-amada"???
Rúbia diz:
Mal amada deve ser sua avó!
Leonarda (máxima acidez) diz:
hahaha
Leonarda diz:
Ele não ama você, sua monstra!!!
Leonarda diz:
Ele ama a mim!!!
Rúbia diz:
Isso é que nós vamos ver!
Leonarda diz:
Com que nível de gente você acha que estamos lidando, hein???
Leonarda diz:
Ignorante, como você?!!!
Rúbia diz:
O que está a dizer?
Leonarda diz:
Você precisa é se conformar. O caso de vocês acabou!!! ACABOU!!!
Rúbia diz:
Não é bem assim rapariga!
Leonarda diz:
Passe o bastão, queridinha.
Leonarda diz:
Não aja como uma velha louca!
Leonarda diz:
Uma desesperada por homem!
Leonarda diz:
Tenha dignidade!
Rúbia diz:
Eu não a conheço para discutir sobre isso...
Leonarda diz:
Pois é, mas isso que você está fazendo é "ilegal"!!!
Leonarda diz:
E você pode acabar na cadeia!!!
Leonarda diz:
Que, pelo jeito, é o seu lugar...
Rúbia diz:
Isso não vai acontecer!
Leonarda diz:
Veremos
Rúbia diz:
E se acontecer até lá terei resolvido a minha pendência...
Leonarda diz:
Não sei como é isso em seu país, mas damos um jeito aqui mesmo, no Brasil, com a Polícia Internacional...
Rúbia diz:
Ele não vai ficar com você!!!!
Leonarda diz:
Mas como pensa você em resolver a tua pendência na ilegalidade?
Rúbia diz:
No Brasil, querida, nada se resolve!
Leonarda diz:
Isso é muita baixaria!
Leonarda diz:
Coisa de mulher baixa, sem amor próprio.
Rúbia diz:
Bom, estou a me ir...
Rúbia diz:
Foi um prazer, Leonarda.
Leonarda diz:
Todos os envolvidos irão ficar sabendo disso. Tola.
Sunday, April 13, 2008
Thursday, April 03, 2008
Wednesday, March 26, 2008
Jesus Vem De Hannover por Nelson de Sá
Wednesday, March 19, 2008
'DUCK and HEAD' na Mostra Novos Repertórios 2008
DUCK and HEAD
Dramaturgia de Léo Glück e Ricardo Nolasco
Encenação de Léo Glück
Cast: Giorgia Conceição e Ricardo Nolasco
Onde: TEUNI - UFPR (Prédio Histórico)
Quando: Dia 24.03.2008 às 15 Horas.
Mostra Novos Repertórios - Festival de Curitiba 2008
Info: www.companhiasilenciosa.blogspot.com
Saturday, March 15, 2008
Thursday, March 06, 2008
O Faqueiro De Górgona Ou Górgona E As Mil Facas Encantadas
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. Estamos bebendo suco de lagarto há quase dois meses.
Pulkéria Alieksándrovna. Calango.
Avdótia Romanovna. Bem, me sinto alimentada. Não é somente de comida que um ser humano se alimenta.
Afanassi Ivánovitch. Só comida me alimenta.
Avdótia Romanovna. Também é preciso cuidar da alma. Algumas coisas, como nossa alma, são insubstituíveis.
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. Saco vazio não fica em pé, minha mãe dizia.
Avdótia Romanovna. Isso diz bem da formação que o Sr. recebeu, Sr. Afanassi. Está com a matéria repleta e a alma vazia.
Pulkéria Alieksándrovna. Vou lavar a louça.
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. Preciso do meu respirador artificial. Não estou conseguindo respirar direito.
Nikodim Fomitch. Quando estava entrando, encontrei uma carta no chão da porta, do lado de dentro. Vejam.
Pulkéria Alieksándrovna. Meu Deus, é da companhia elétrica.
Avdótia Romanovna. Vão desligar a luz.
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. Vamos alimentar a alma, vamos alimentar a alma.
Pulkéria Alieksándrovna. Não é hora para piadas, Afanassi.
Avdótia Romanovna. Mamãe, a quem a Sra. encarregou de pagar a conta da luz? Não foi ao próprio Sr. Afanassi? Então, por que o espanto?
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. Não me lembro disso.
Avdótia Romanovna. Mas eu me recordo, e muito bem. Foi bem aqui, nessa cozinha. O Sr. ainda disse “querida, por que não manda nossa adorável Avdótia Romanovna? Temo que posso não controlar-me o suficiente...”
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. Não era a isto que eu aludia.
Avdótia Romanovna. Ah, o Sr. nunca alude a nada.
Nikodim Fomitch. De qualquer forma, o aviso diz que vão apagar a luz.
Pulkéria Alieksándrovna. Meu bem, o que você fez com o dinheiro da luz?
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. Isto tudo são intrigas da pequena Avdótia. Ela está tentando jogar-nos uns contra os outros, não vê?
Avdótia Romanovna. Que descaramento. Some com o dinheiro e ainda tem coragem de nos insultar a inteligência. O que aconteceu foi que ele bebeu o dinheiro da luz.
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. Pulkéria, você sabe que parei com a bebida há anos. Hoje em dia só tomo licores, em ocasiões especiais.
Nikodim Fomitch. Sim, e ele tem duas garrafas de licor de erva-doce embaixo dos lençóis.
Avdótia Romanovna. Ah, dormir é uma ocasião especial, então. Principalmente em se tratando de um beberrão que se diz insone.
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. Vocês bem sabem que foi o meu médico, o bom Dr. Svidrigáilov, quem me receitou a erva-doce.
Pulkéria Alieksándrovna. Mas não era para uso tópico?
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. Eu a consumo como quiser. Vocês estão começando a me irritar.
Nikodim Fomitch. Meu bem, vamos dormir.
Avdótia Romanovna. Dormir coisa nenhuma, Nikodim. É-me extremamente desagradável compartilhar do mesmo teto desta criatura.
Pulkéria Alieksándrovna. Avdótia, meu bem, não seja tão cruel para com o Sr. Afanassi. Ele tem estado doente.
Avdótia Romanovna. Doente? De que? O único mal de que o Sr. Afanassi padece, mamãe, é a sem-vergonhice. É a gandaia.
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. A Srta. tem inveja. Casada com essa religião estúpida e castradora que não a permite manifestar os instintos.
Avdótia Romanovna. Manifestarei meus instintos arranhando a tua cara e pisoteando a tua roupa, ladrão.
Nikodim Fomitch. Meu amor, é melhor se acalmar. Os vizinhos irão reparar.
Pulkéria Alieksándrovna. Também não aprovo a atitude indolente de Afanassi, mas isto não é motivo para que nós percamos todo o respeito uns pelos outros.
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. A Srta. Avdótia, por sua vez, jamais teve respeito por mim.
Avdótia Romanovna. E era para menos? O Sr. nos leva à miséria e à autodestruição. Sabe que rezo para a sua alma, Sr. Afanassi?
Afanassi Ivánovitch Vakhrúchin. Pois deveria parar de rezar pelos outros e rezar somente para si mesma, Srta. Avdótia. A vida não tem se mostrado em todo o seu esplendor para a Srta. Olhe para essas vestimentas.
Pulkéria Alieksándrovna. Eu costuro sempre que posso mas o tecido já está bastante esgarçado.
Nikodim Fomitch. Eu gosto assim, não ligo para a moda. Não há comiseração.
Wednesday, February 20, 2008
Sunday, January 20, 2008
Jesus Vem De Hannover
Com ligeiro apego pelo afeto não dado, a sorte certamente não está do nosso lado, porque o humano é a célula-mãe desta obra em cujas profundidades não há meios de se mergulhar.
Jesus Vem De Hannover,
de léo glück,
direção de henrique saidel,
estréia dia 14 de fevereiro de 2008,
quinta-feira, 21hs.,
teatro novelas curitibanas,
rua carlos cavalcanti, 1.222,
INFO: www.companhiasilenciosa.blogspot.com.
Thursday, January 10, 2008
LOVELY HILDA
A mulher perguntou ao homem:
você me ama?
não sei exatamente o que isso quer dizer
...ah, então não sabe
são conceitos, não é? e eu não sei o que seja isso de conceitos...
é
hum, hum
as lagartas subiam nos troncos das árvores.
ela: bonitas, não?
ele: tem gente que morre de medo
ela: tem
ele: o melhor é jogar álcool e queimá-las
ela: meu deus!
ele: é, porque elas destroem as folhas, matam a árvore
ela: ah, é? mas são tão bonitas, não? eu não poderia queimá-las por causa da beleza
ele: mesmo sabendo que elas vão destruir as folhas? folha é menos vida... ou não?
ela: também não sei, mas as lagartas parecem mais... mais de carne, hen? e carne tem a ver com a gente
ele: eu me chateio com esse tipo de reflexão
ela: não diga benzinho
ele: você se aborreceu
ela: e com a minha boceta você se chateia?
ele: é melhor eu ir embora...
ela: e esfregando o meu rabo na tua cara você se chateia?
ele: tô indo embora...
ela: e te dando esse tiro no peito você se chateia?
o homem caiu ali no jardim, estatelado. ela só disse "que cara cafajeste". correu. sumiu. um menino viu a mulher correndo até ela sumir. virou-se e pensou: que mulher linda, meu, que rabo! taí uma que eu queria que esfregasse o rabo na minha cara. riu, muito contente.