[Erotismo & Morte
ou
Abandonem Qualquer Esperança de Influenciar-me]
Dessa vez ele gozou.
Dentro.
Sua expressão aleivosa e lucipotente me horrorizou.
Como uma mão enluvada, escorreguei para fora da cama.
A orgia é o momento explosivo da modernidade, pensei. O que fazer após a orgia? Me sentia cansada, tinha fome, tinha ódio. E vontade de matá-lo. Eu sou gentil, talvez esquartejar seu corpo inconsciente, úmido de humores mórbidos, que eu tanto lambi. Congelar seus pedaços para mais tarde.
No princípio um beijo, um cigarro e uma esperança. Eu precisava deixar a vida de puta. Não estava sendo racional e me sentia cartesianamente errada. Gostaria de passar a fase das peripécias. Gostaria que Deus me desse, a mim também, a paz sexual.
Para mim o amor não virá jamais, penso isso abrindo a geladeira e pegando a margarina. Que, por sua vez, pobre coitada, será usada como vaselina. Nem a ela lhe foi dada a chance de escolher. Ligeiramente desviada de seu fim primordial.
Com os cinco dedos tortos deslizando no meu rabo, ele sorriu. Pediu meu botão rosado, a real entrada do castelo. Não, os olhos são apenas as janelas, meu bem. Com venezianas. Cerradas. Rodopiando, os lírios negros totalmente maduros. A pulsão secreta me mordia as entranhas, o prazer em mim, queria aquela entrada, pedia, piscava. O sol da tarde na minha boca, o mundo, os carros, a menina rebelde nos campos de girassóis, as folhas do outono, nada disso iria parar. Mas a coreografia era bonita, e incansável.
Afinal de contas, It’s In Our Hands. It always was.
Ele estava gostando da conquista, de fincar a bandeira. “Imperialista!”, insultei em silêncio. O progresso se esconde aqui, bem dentro do meu cu. Esse mesmo cu que todo mundo come, mastiga e esnoba. Esse mesmo cu que é lugar do início da metástase. Um cu promíscuo e elástico. Quente e molhado. Um cu interrompido, cheio de angústia e júbilo. Cu feito de pão. Um cu Naïf. Um cu De Stijl. Um cu Dadá. Esse cuzinho aqui, que se acomoda em torno da tua vara. O mesmo cu que olhava para aquele pau, preto e duro, caminhando em sua direção. Talvez fazendo imperceptível esgar de racismo cotidiano. Enfim, um cu nazista. Pensava que depois precisaria se lavar.
Me fode em inglês, eu disse.
Entrou, devagar, raspando pelas paredes, rasgando. Uma amiga me disse que o primo lhe havia contado que buceta de nêga parece que tem uma lixa dentro, e que buceta de polaca é aguada. “Fuja loca!”, me ocorreu. Pensar nisso agora é simples sintaxe estética: somos todos secretamente iconoclastas. Quando um construtor de software introduz uma soft bomb no programa, usando sua destruição como meio de pressão, não está tomando o programa e todas as suas operações como reféns?
Especulei sobre o mal. Ficção-científica? Nem tanto. Não sou contra violência gratuita de vez em quando. Procedimentos cirúrgicos desfigurantes. O contágio do terrorismo acontece através do amor.
— Não sinto amor em minha medula.
Ele acaba de foder um plástico — chego a essa conclusão primeva — , acaba de foder uma lycra. Sensation. Fake Plastic Trees e o mundo é de mentira. Não há reprodução, somente vírus eletrônicos. Ainda estou fértil, ainda sou a deusa da fecundidade. Minha reação é um processo imoral, resultante dos pulmões cheios de rugosidades.
Vem, meu amor, meus rins beberão a tua porra!
Inscreva tuas legendas pagãs em minhas carnes claras. Eu, de quatro fazendo uma chupeta levemente lisérgica. Um boquete apenas. E nada mais. Nasci para isso mas nego minha existência.
Me disse que o bico do meu peito estava mais escuro porque ele acabara de mordê-lo mas que originalmente era meio rosa.
Meio rosa? Alguém conhece essa cor? Azul da Prússia, Verde-pavão, Magenta eu conheço. Mas “meio rosa”???
ou
Abandonem Qualquer Esperança de Influenciar-me]
Dessa vez ele gozou.
Dentro.
Sua expressão aleivosa e lucipotente me horrorizou.
Como uma mão enluvada, escorreguei para fora da cama.
A orgia é o momento explosivo da modernidade, pensei. O que fazer após a orgia? Me sentia cansada, tinha fome, tinha ódio. E vontade de matá-lo. Eu sou gentil, talvez esquartejar seu corpo inconsciente, úmido de humores mórbidos, que eu tanto lambi. Congelar seus pedaços para mais tarde.
No princípio um beijo, um cigarro e uma esperança. Eu precisava deixar a vida de puta. Não estava sendo racional e me sentia cartesianamente errada. Gostaria de passar a fase das peripécias. Gostaria que Deus me desse, a mim também, a paz sexual.
Para mim o amor não virá jamais, penso isso abrindo a geladeira e pegando a margarina. Que, por sua vez, pobre coitada, será usada como vaselina. Nem a ela lhe foi dada a chance de escolher. Ligeiramente desviada de seu fim primordial.
Com os cinco dedos tortos deslizando no meu rabo, ele sorriu. Pediu meu botão rosado, a real entrada do castelo. Não, os olhos são apenas as janelas, meu bem. Com venezianas. Cerradas. Rodopiando, os lírios negros totalmente maduros. A pulsão secreta me mordia as entranhas, o prazer em mim, queria aquela entrada, pedia, piscava. O sol da tarde na minha boca, o mundo, os carros, a menina rebelde nos campos de girassóis, as folhas do outono, nada disso iria parar. Mas a coreografia era bonita, e incansável.
Afinal de contas, It’s In Our Hands. It always was.
Ele estava gostando da conquista, de fincar a bandeira. “Imperialista!”, insultei em silêncio. O progresso se esconde aqui, bem dentro do meu cu. Esse mesmo cu que todo mundo come, mastiga e esnoba. Esse mesmo cu que é lugar do início da metástase. Um cu promíscuo e elástico. Quente e molhado. Um cu interrompido, cheio de angústia e júbilo. Cu feito de pão. Um cu Naïf. Um cu De Stijl. Um cu Dadá. Esse cuzinho aqui, que se acomoda em torno da tua vara. O mesmo cu que olhava para aquele pau, preto e duro, caminhando em sua direção. Talvez fazendo imperceptível esgar de racismo cotidiano. Enfim, um cu nazista. Pensava que depois precisaria se lavar.
Me fode em inglês, eu disse.
Entrou, devagar, raspando pelas paredes, rasgando. Uma amiga me disse que o primo lhe havia contado que buceta de nêga parece que tem uma lixa dentro, e que buceta de polaca é aguada. “Fuja loca!”, me ocorreu. Pensar nisso agora é simples sintaxe estética: somos todos secretamente iconoclastas. Quando um construtor de software introduz uma soft bomb no programa, usando sua destruição como meio de pressão, não está tomando o programa e todas as suas operações como reféns?
Especulei sobre o mal. Ficção-científica? Nem tanto. Não sou contra violência gratuita de vez em quando. Procedimentos cirúrgicos desfigurantes. O contágio do terrorismo acontece através do amor.
— Não sinto amor em minha medula.
Ele acaba de foder um plástico — chego a essa conclusão primeva — , acaba de foder uma lycra. Sensation. Fake Plastic Trees e o mundo é de mentira. Não há reprodução, somente vírus eletrônicos. Ainda estou fértil, ainda sou a deusa da fecundidade. Minha reação é um processo imoral, resultante dos pulmões cheios de rugosidades.
Vem, meu amor, meus rins beberão a tua porra!
Inscreva tuas legendas pagãs em minhas carnes claras. Eu, de quatro fazendo uma chupeta levemente lisérgica. Um boquete apenas. E nada mais. Nasci para isso mas nego minha existência.
Me disse que o bico do meu peito estava mais escuro porque ele acabara de mordê-lo mas que originalmente era meio rosa.
Meio rosa? Alguém conhece essa cor? Azul da Prússia, Verde-pavão, Magenta eu conheço. Mas “meio rosa”???
A arte prolifera por toda parte, oras.
Baudrillard para o raio que o parta, J.J. O’Molloy somente na página 181 e olhe lá. Sou burra sim, e daí? Para trepar é preciso doutorado? Ora, o feminismo caducou! Fora da minha casa agora!
Foi-se. O pau babando ainda. Tinha me dito que eu era uma diva.
Acho que é mais seguro transar com michês. Meu sonho é cinco de uma só vez (a R$ 20,00 cada gastarei R$ 100,00 no total: mais e eu abro sindicância no Procon); se dois forem bonitinhos, faço até DP.
Há ainda uma lateralidade quando a expurgam de toda essa superestrutura psicodramática?
Quanto a mim, gozei duas vezes. Uma com ele metendo e outra com ele me chupando. No banho, eu lavei a calcinha ‘lilás-do-Conde’ suja com shampoo para cabelos crespos e quimicamente tratados.
Ah, não há amor como o futuro amor.
Baudrillard para o raio que o parta, J.J. O’Molloy somente na página 181 e olhe lá. Sou burra sim, e daí? Para trepar é preciso doutorado? Ora, o feminismo caducou! Fora da minha casa agora!
Foi-se. O pau babando ainda. Tinha me dito que eu era uma diva.
Acho que é mais seguro transar com michês. Meu sonho é cinco de uma só vez (a R$ 20,00 cada gastarei R$ 100,00 no total: mais e eu abro sindicância no Procon); se dois forem bonitinhos, faço até DP.
Há ainda uma lateralidade quando a expurgam de toda essa superestrutura psicodramática?
Quanto a mim, gozei duas vezes. Uma com ele metendo e outra com ele me chupando. No banho, eu lavei a calcinha ‘lilás-do-Conde’ suja com shampoo para cabelos crespos e quimicamente tratados.
Ah, não há amor como o futuro amor.
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