Tuesday, April 18, 2006

E l é t r i c a

Vem, Electra minha. Tu, que matas um. Matas dois. Matas trinta. Vens de longe para tirar a ordem. Vai, Electra sapeca. A safadinha da escuridão. Nunca mais irás parar de gritar? Tu, que nem falas português. Vai, Eléctrica quiloméctrica. Tu, que conheces tão bem o pau do pai. Vem, Eléctrica concrecta. Hoje aqui amanhã lá. Vem... vai... Eléctrica! Pelada em seu duro trabalho. Tu, que padeces de horrível vida. Vem, Palas mandou dizer o que tens de fazer. Triste porque matas, e não cessas de matar. Tu, que nunca esqueces um rosto, nunca amas uma mãe. Vem, Eléctrica zagueiro, tu, que lavas o cabelo o dia inteiro, pega a bola e marca! Vai, faz o gol do teu Natal! Vem, acesa e chamejante, tungstênica e histérica, esquizofrênica e hiperbólica Elétrica. Vem, hidrelétrica dos sonhos. Tu acendes um país. Dai-me à luz, filha eterna. Vai, Elétrica despentelhada em seus doze trabalhos. Namorada de Hércules, filha de Freud. Queres análises? Vai, fuja, fuja agora! Cadê o teu bramido de horror? Quero a tua companhia, Elétrica, vem... Conheço os teus desejos. Mas nem o detentor do cetro e do trono será capaz de preservar o teu poder, nem aquele que abandonou tua cidade entrará nela novamente, pois nenhum deles no momento em que teu pai era banido vilmente de sua terra apareceu para apoiá-lo e defendê-lo; tu, e somente tu, Elétrica, conseguiste dormir com teu pai. Acariciaste teu pai com o choque do teu amor. Com tua voltagem máxima. Com teu grelo em chamas. Tu, que estás de luto máximo. Vem, queima, brilha, incita à violência, louca Elétrica, arde, vai, derrama ódio, incendeia, destrói a fuselagem do mundo! Vai, flameja a fiação do tempo! Vem, calcina os olhos de quem te vê! Vem, Elétrica, vem! Agora vai! Mexe a cadeira!

No comments: